Chama-se núcleo supraquismático e é o seu relógio interno central. Comanda o ritmo circadiano, rigorosamente calibrado para lidar com 12 horas de luz solar e 12 horas de escuridão, o ritmo natural da nossa espécie. É uma pequena estrutura cerebral, com cerca de 50 mil células, alojada dentro do hipotálamo e adapta a nossa fisiologia às diferentes fases do dia.
O relógio biológico determina quando nos devemos sentir cansados, quando estar em alerta, quando devemos ter fome. Também define tarefas noturnas de limpeza celular e de reparação do ADN.
Agora, estão desvendados os mecanismos moleculares que controlam o relógio biológico interno e os ritmos circadianos, por três americanos, Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young, a quem foi atribuído o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina 2017.
O despertar – entre 7h e 8h
Quem gosta de acordar tarde já começa o dia em desvantagem. A partir das 6h, o corpo produz um hormônio que faz acordar, o cortisol. Entre 7h e 8h, a taxa de cortisol no corpo atinge a concentração máxima. Essa faixa horária é ideal para acordar com facilidade e com o pé direito.
Voltar a dormir é um erro: por volta da 9h, o corpo começa a produzir endorfinas (analgésicos naturais), que encorajam um sono pesado, do qual será difícil sair sem dor de cabeça ou mau humor.
O prazer – entre 8h e 10h
A hora é certa para as folias amorosas, já que a taxa de serotonina (neurotransmissor ligado ao prazer) está em seu apogeu. O prazer experimentado só será aumentado. Por outro lado, também é hora de marcar uma consulta ao dentista: as endorfinas, que também estão em alta nesse horário, funcionam como anestésicos naturais.
O trabalho – entre 10h e 12h
O estado de vigilância atinge seu pico, e a memória de curto prazo (que guarda momentaneamente coisas como números de telefone) está mais aguçada. Depois que as endorfinas presentes entre 9 e 10h desaparecem, o organismo atinge sua velocidade ideal.. È o momento certo para refletir, discutir idéias e encontrar inspiração.
O descanso – entre 13h e 14h
A moleza depois do almoço não se deve unicamente à digestão, mas também a uma queda de adrenalina, hormônio que acelera o ritmo cardíaco. Para retornar a disposição, basta uma sesta de 20 minutos.
O movimento – entre 15h e 16h
A forma física encontra seu apogeu no meio da tarde, ao mesmo tempo em que a capacidade intelectual diminui. Como não há produção de hormônios específicos nesse horário, os cronobiologistas ainda não encontraram uma explicação para o fato.
Rush – entre 18h e 19h
A partir das 18h o corpo fica particularmente vulnerável à poluição e ao monóxido de carbono. Convém então limitar o consumo de cigarros e evitar, se possível, os engarrafamentos. A capacidade intelectual e o estado de vigilância atingem um novo pico. Hora certa de mandar as crianças fazerem lição de casa, por exemplo.
Pileque – entre 20h e 21h
Se esse horário costuma coincidir com o aperitivo de antes do jantar, é bom saber que é também o momento em que as enzimas do fígado estão menos ativas, o que faz com que se fique bêbado bem mais rápido.
O sono – a partir das 20h
A melatonina (hormônio do sono) invade progressivamente o corpo a partir das 18h. Mas é só às 20h que aparece o primeiro momento ideal para dormir; depois vêm outros iguais a cada duas horas. Para ajudar a cair no sono, fazer amor é uma excelente idéia: o prazer sexual desencadeia a secreção das endorfinas no cérebro, favorecendo assim o adormecimento.
A regeneração – entre 22h e 1h
Esta fase do sono é muito importante, porque coincide com o pico da produção do hormônio do crescimento, favorecendo a recuperação física. Esse hormônio também permite que os conhecimentos adquiridos na véspera sejam armazenados no cérebro.
“O sono é vital para a função cerebral normal e a disfunção circadiana tem sido associada a perturbações do sono como a depressão, o transtorno bipolar, a função cognitiva, a formação de memória e algumas doenças neurológicas. Em casos raros, os distúrbios da fase do sono são devidos a mutações nos genes do relógio circadiano resultando em ciclos de sono-vigília avançados ou atrasados. Estudos indicaram que a desregulação crónica entre o nosso estilo de vida e o ritmo ditado pelo nosso relógio circadiano endógeno pode estar associado ao risco aumentado de várias doenças, incluindo o cancro, as doenças neurodegenerativas, os distúrbios metabólicos e a inflamação.”, adianta o documento publicado pelo comité do Nobel do Instituto Karolinska. Estas descobertas têm implicações profundas no bem-estar e na vida quotidiana.
Obs: Nós temos os nossos comportamentos e hábitos que seguem o nosso costume e preferências, por mais desconfortáveis que possamos nos sentir com os horários que não nos agradam, devemos aprender a fazer a devida leitura que as nossas células seguem o ritmo do e os horários que são regidos pela luz, por sermos seres que sofrem grande influência metabólica deste processo. Nossas células são orientadas para cumprir os processos de milhões de anos de evolução. Assim sendo o nosso comportamento ou gosto, não são relevantes quando o assunto for saúde e alta performance.
Referências: McHill, A. W., & Wright, K. P. (2017). Role of sleep and circadian disruption on energy expenditure and in metabolic predisposition to human obesity and metabolic disease. Obesity Reviews, 18(S1), 15-24.; Sachdeva, U. M., & Thompson, C. B. (2008). Diurnal rhythms of autophagy: implications for cell biology and human disease. Autophagy, 4(5), 581-589.; “The 2017 Nobel Prize in Physiology or Medicine – Advanced Information: Discoveries of Molecular Mechanisms Controlling the Circadian Rhythm “. Nobelprize.org. Nobel Media AB 2014. Web. 3 Oct 2017. Créditos da imagem: Nobel Committee [/fonte]
Ms. Sergio Ricardo