O sobrepeso e a obesidade são definidos como o acúmulo excessivo de gordura no organismo e tem como causa principal o desbalanço entre calorias ingeridas e calorias gastas.
A energia excedente é armazenada no tecido adiposo em forma de gordura, dentro de células especializadas chamadas adipócitos, que são divididos em três tipos.
Os adipócitos brancos são responsáveis por estocar energia e ficam distribuídos por todo o corpo. Os marrons são encontrados em recém nascidos e em quantidades reduzidas nos adultos, e são responsáveis pela manutenção da temperatura corporal através da produção de calor a partir da energia armazenada.
Os beges, ou marrons induzíveis, são adipócitos brancos que podem se diferenciar e ganhar função semelhante à dos adipócitos marrons, o que ocorre principalmente em casos de exposição prolongada ao frio.
O gene FTO, já relacionado à diminuição da sensação de saciedade e ao consequente aumento da ingestão de alimentos, interfere também na regulação da proliferação e diferenciação desses adipócitos, e se relaciona à redução do metabolismo e gasto de energia, e ao consequente maior acúmulo de gordura, que pode levar à obesidade.
O alelo rs1421085-C no gene FTO pode causar uma mudança na produção de adipócitos, tornando maior a produção dos adipócitos brancos e, assim, diminuindo a quebra de energia para a produção de calor (termogênese) e levando ao aumento da reserva de gordura e ao ganho de peso corporal. Pessoas com esse alelo apresentam predisposição para maior armazenamento de gordura, considerada fator de risco para obesidade.
O tecido adiposo é responsável pelo armazenamento de gordura no interior das células, pela reserva de energia durante longos períodos de dieta e por auxiliar no controle térmico, atuando na proteção do frio.
Existem dois tipos de tecido adiposo: o branco e o marrom. Cada um tem uma estrutura e função diferente. A perda ou ganho de peso está relacionada à quantidade de gordura que esses tecidos armazenam, interferindo na sua facilidade ou dificuldade para emagrecer. Eles correspondem entre 20 e 25% do peso corporal das mulheres e 15 a 20% dos homens, considerando pessoas com peso normal.
Para ajudar a entender melhor como o tecido adiposo interfere na sua dieta, preparamos este guia completo sobre as diferenças entre eles, suas respectivas funções e composição química. Continue a leitura e saiba mais.
O QUE É TECIDO ADIPOSO?
É um tipo de tecido conjuntivo formado por células adiposas que funciona muito mais como um órgão do que como um tecido isolado devido à grande variedade de células que o compõem. Ele está distribuído por todo o corpo humano e tem funções como armazenar gordura e energia e auxiliar no controle da temperatura.
Além disso, é responsável por proteger os órgãos internos de choques mecânicos. De modo prático, o tecido adiposo forma uma camada protetora em volta dos rins e coração, por exemplo, que servirá como uma barreira defensiva contra esses impactos.
Por ser responsável pelas nossas reservas de gordura, quando o nosso corpo precisa de energia, ele a retira das células adiposas. É por isso que, quando queremos emagrecer, comemos menos, pois assim o organismo vai retirar energia das células, contribuindo para diminuir a camada de gordura.
QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE O TECIDO ADIPOSO BRANCO E O MARROM?
A principal diferença está nas propriedades da célula que armazena gordura. O tecido adiposo marrom possui uma função altamente específica, tendo como ação principal a produção de calor por meio da queima de gordura.
Já o branco apresenta ações mais abrangentes e integrantes de diversos sistemas, sendo responsável por armazenar energia e produzir citocinas pró-inflamatórias, que influenciam no funcionamento do sistema imunológico.
Quando crianças, temos uma grande percentagem de tecido marrom. Ao longo dos anos, esse tecido é substituído pelo branco, que vai armazenar a gordura em vez de queimá-la. Essa gordura é acumulada pela má alimentação, logo, não é saudável e pode causar doenças cardíacas e prejudicar a circulação.
QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DESSES TIPOS DE TECIDO?
O tecido adiposo é classificado com base em alguns critérios como a coloração da gordura armazenada e a forma de organização. Cada tipo de tecido apresenta diferenças na distribuição corporal, estrutura, fisiologia e patologia. A seguir, vamos entender melhor qual a função de cada um.
TECIDO ADIPOSO BRANCO
A função principal do tecido adiposo branco é armazenar triglicerídeos no seu citoplasma. Dessa forma, ele guarda energia quando há um excedente disponível no organismo para momentos de carência energética.
As células adiposas brancas mais jovens contêm inúmeras gotículas de lipídios, as quais se unem, ficando maiores e formando uma gota única quando madura. A reserva de lipídios pode ocupar até 85% do espaço citoplasmático da célula.
Os adipócitos são as únicas células especializadas no estoque de lipídios na forma de triacilglicerol (TAG) no seu citoplasma. Elas possuem enzimas e proteínas reguladoras que sintetizam ácidos graxos (lipogênese) e armazenam TAG.
Além disso, o tecido adiposo branco forma uma proteção mecânica e térmica contra choques nos órgãos vitais A pigmentação varia entre o branco e o amarelo-escuro, dependendo da alimentação e do acúmulo de carotenos dissolvidos nas gotículas de lipídios.
A maior parte do tecido adiposo presente em seres humanos adultos é do tipo branco, ou unilocular, e a sua distribuição é influenciada pelo sexo e pela idade do indivíduo. Em bebês, esse tecido é encontrado na forma de uma fina camada sob a pele.
Quando adultos, essa área tende a reduzir e se localizar em regiões específicas, determinadas pela ação dos hormônios sexuais e hormônios processados pela camada cortical da glândula adrenal. Esse tecido distribui-se em maior quantidade na pele do abdômen, nádegas, axilas, coxas e mamas. Ele também pode ser achado na medula óssea e entre outros tecidos, ocupando os espaços vazios.
TECIDO ADIPOSO MARROM
A função do tecido adiposo marrom é a termogênese, ou seja, fazer com que o corpo gaste energia na produção de calor para manter a temperatura corporal equilibrada. Esse tecido apresenta adipócitos menores que as células brancas, por isso armazenam pouca gordura.
Também conhecido como multilocular, tem uma coloração mais parda devido à alta vascularização e forte presença de mitocôndrias no seu citoplasma. Esse tipo de tecido é mais presente em animais que hibernam e nos seres humanos. A sua distribuição é limitada, sendo que os recém-nascidos possuem uma quantidade maior que os adultos.
Para quem busca uma vida mais saudável ou quer emagrecer, o tecido marrom é melhor. Isso porque ele não estoca gordura nas suas células, mas queima-as. Alguns estudos já comprovaram que é possível estimular o nosso corpo a produzir esse tecido.
Um dos benefícios é que a gordura será quebrada e oxidada na própria molécula, promovendo a termogênese verdadeira. Um estudo preliminar, realizado pelo Instituto Garvan de Pesquisa Médica, estima que 50 gramas de tecido adiposo marrom são suficientes para aumentar em 20% a taxa do metabolismo basal.
Para conseguir transformar tecido adiposo branco em marrom, é recomendada a prática de atividades físicas em temperaturas frias. Assim, o efeito termogênico é ainda maior. Como a alimentação também contribui, o ideal é aumentar a quantidade de alimentos que sejam fontes de serotonina e fitomelatonina.
Neste post, você viu quais são as principais diferenças entre o tecido adiposo branco e o marrom. O primeiro tem funções mais abrangentes, desde armazenar gordura até contribuir para o funcionamento do sistema imunológico. Já o segundo é responsável pela queima de gordura para produzir calor.
A quantidade de cada tecido distribuído pelo nosso corpo varia de acordo com a nossa idade, sendo que, quando crianças, a proporção de tecido adiposo marrom é maior, situação que se inverte na fase da adulta.
Apesar de o tecido marrom ser conhecido como gordura boa, o tecido adiposo branco também é importante para a nossa saúde e funcionamento do nosso organismo. Por isso, o ideal é manter uma alimentação equilibrada que colabore com o funcionamento de ambos.
Sugestões:
Quando se apresenta um genótipo de predisposição para maior armazenamento de gordura corporal. Contudo, a presença do alelo rs1421085-C não indica que você irá necessariamente apresentar esse perfil, pois existem outros fatores envolvidos, como fatores ambientais e múltiplos fatores genéticos.
A redução do consumo de gorduras e a prática regular de exercícios físicos podem ser aliadas para a perda de peso.
Referências bibliográficas:
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